Friday, November 11, 2005








Stanley Kubrick: Imagens que não se esquecem...





Spartacus (1960)

Dr. Strangelove or: How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb (1964)


2001:SPACE ODYSSEY 1968

The Shining (1980)






Eyes wide shut (1999)




Barry Lyndon (1975)



A Clockwork Orange - 1971




Stanley Kubrick nasceu a 26 de Julho de 1928 em Nova Iorque. Depois de uma breve passagem pelo jornalismo, dedicou-se ao cinema começando pela realização de filmes amadores em 16mm, o mais conhecido chamado Day of the Fight ( 1948). Enveredou pelas curtas metragens, realizando Fear and Desire ( 1953) que foi, na altura, uma fracasso financeiro. Kubrick não desanimou e continuou a fazer aquilo de que gostava mais: realizar "cinema" em múltiplas vertentes - produtor, director artístico, director de fotografia, responsável pela montagem... e continuou em Killer's Kiss (1955) e mais tarde no seu primeiro verdadeiro sucesso na crítica, The Killing (1956), o primeiro de uma série de 11 filmes inesquecíveis que nos deixou para vermos, revermos e retermos na memória.



http://kubrickfilms.warnerbros.com/mainmenu/mainmenu.html

Sunday, October 09, 2005


"Alice" [2005] - Por onde andas?


É sempre bom constatar que existem bons filmes portugueses, bons actores e uma boa adesão por parte dos espectadores às produções nacionais ( como reparei no dia de estreia do filme). O ponto importante aqui é o filme ter, de facto, qualidade. É com agrado que se vê um filme português, de um realizador estreante ( Marco Martins), muito promissor, a ser premiado num dos grandes palcos do cinema mundial: Veneza. É também um sinal de incentivo a todos os produtores, realizadores, actores de que, com poucos meios, se podem fazer grandes filmes.

"Alice" é um filme triste e cru. Representa a perda de alguém que se ama muito, de forma transparente e sem subtrefúgios. O "olhar a nu" transmitido, ao longo do filme, pelos demorados grandes planos do pai Mário (Nuno Lopes) e da mãe Luísa (Beatriz Batarda) é asfixiante. O espectador "vive", também, um momento difícil, durante 102 minutos de "procura obssessiva" pela filha Alice.

A fotografia pareceu-nos muito boa, oferecendo um retrato, porventura, diferente de Lisboa... Em tons frios e anónimos, condizentes com a perspetiva que Mário tem da cidade: um lugar apenas composto por ruas, carros, ruído e pessoas...muitas pessoas "desligadas" umas das outras.

Vive-se, no decurso do filme, o sentimento de alguém que perde uma filha e não aceita o convívio com a sua ausência, procurando (através da rotina obssessiva de vigilância e repetição) encontrar, no meio da multidão, alguém, um vulto, um casaco azul, ou os cabelos castanhos de Alice.

A forma como Marco Martins estrutura o filme (de modo circular e rotineiro) obriga-nos, também, aqui e ali, a procurar Alice, entre as muitas pessoas que aleatoriamente circulam em redor de Mário; cerceando as expectativas do pai na sua busca e agudizando a dor da mãe na sua resignação.

No final, as dúvidas permanecem mas a clareza dos factos chega-nos fria e dura de aceitar: a realidade é assim fielmente retratada - não há revelações de última hora, não há reviravoltas engendradas. O que existe é a vida como ela é perante uma ausência que "lhe passa ao lado" porque, precisamente, já não existe. A "ausência" está por todo o lado, rodeia Mário em todos os seus movimentos. É um facto que escapa à esperança recriativa do homem.
Mário perde, de facto, a sua filha... mas ganha de novo a sua mulher e, com ela, mais um fôlego para viver.


"Alice" conta a história de um pai, Mário ( Nuno Lopes) e mãe ( Beatriz Batarda), que desde o desaparecimento da sua filha de 4 anos há 193 dias, procuram viver as suas vidas na esperança de reencontrar Alice. Assim sendo, todos os dias, Mário, sai de casa e repete o mesmo percurso que fez no dia em que Alice desapareceu."


A ver, sem dúvida alguma.


http://www.madragoafilmes.pt/alice/

Sunday, September 18, 2005


Red Eye [2005] - Revisitar o thriller...

Wes Craven, realizador de filmes como "The Hills Have Eyes"[1977], "Nighmare on Elm Street"[1984], "Scream" [1996] e "Music of the Heart" [1999], apresenta entre nós um thriller psicológico a bordo do avião que faz o último voo que atravessa os EUA coast to coast. Wes Craven consegue gerir muito bem o tempo ao contar a história, criando uma fluidez de acontecimentos muito agradável até às cenas de 'tensão' a bordo da aeronave. Aqui, toda a capacidade do 're-inventor' do género de terror se revela, em crescendo, muito eficaz no suspense que cria.

Notas positivas para os actores Cyllian Murphy (com o olhar mais 'gélido' do cinema actual), quer Rachel McAdams ( que 'enche' o écran com a sua presença ), ambos com performances de grande qualidade, dentro do género cinematográfico em que Red Eye se encaixa - o thriller.

Dentro do género, recomenda-se!


http://www.redeye-themovie.com/
http://www.wescraven.com/
http://www.rachel-mcadams.com/












Tuesday, August 30, 2005




"The Island" [2005] - o cinema de acção vem por aí abaixo?


Chegou às nossas salas de cinema mais uma mega-produção americana com o carimbo de realização de Michael Bay, perito em filmes "flashy", campeões de bilheteira. O realizador americano já tem no curriculum Bad Boys [1995], The Rock[1996], Armageddon [1998] e Pearl Harbour[2001]. Pode dizer-se que o ex-realizador de videoclips tem um estilo próprio dentro da categoria 'cinema de acção': privilegia o argumento simples, personagens pouco densas, e muita energia, explosões, capotamentos de viaturas, tudo muito, muito rápido, como se de um flash ininterrupto de imagens o filme se tratasse...

É claro que, por vezes, sabe muito bem ver um puro filme de "entretenimento". Sabe muito bem ver aqueles 'clássicos séries B'. O problema é que os filmes de acção de hoje já pouco ou nada satisfazem - as ideias estão gastas e temos sempre o 'feeling' de que "já vimos aquela cena em qualquer lado...". Por isso é que quando "The Matrix" [1999] surgiu, uma revigorante lufada de ar fresco 'ventilou' a memória cinematográfica das pessoas que redescobriram as potencialidades do filme de acção e ficção científica. Era diferente, interessante e, sobretudo, divertia.

Infelizmente, "The Island" [2005] confirma as expectativas que um espectador regular de cinema tem quanto a uma mega-produção americana: as de que "pode" eventualmente ser mais um filme igual a tantos outros.

Aspectos positivos do filme: Cenas de acção bem feitas, embora sempre em 'ritmo de flash' constante que enerva e cansa. Se pudesse, aconselharia Michael Bay a rever as sequências de acção que podemos encontrar em "Heat" [1995] de Michael Mann - perceberia logo que 'quantidade' não é sinónimo de 'qualidade'.

Aspectos negativos: o filme tem duas partes - antes e depois da fuga de Lincoln Six-Echo ( Ewan McGregor) e Jordan Two-Delta (Scarlett Johansson) da sociedade "controlada" em que vivem.

Na primeira parte domina a caracterização das personagens, cenários e guarda-roupa dentro de um «espaço» atentamente vigiado, em que todas as acções humanas são medidas, perante a passividade e ausência de interrogações dos habitantes que se movem como se de meros robôs se tratassem. Lembrei-me imediatamente de duas referências (uma literária e outra cinematográfica) que tão bem exploram o tema subjacente ao filme - "O Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley e "THX 1138" de George Lucas. Não sendo sequer comparável, "The Island" 'toca de raspão' em temáticas interessantes como a liberdade ( que se manifesta através da inquietude pelo conhecimento, pela realização pessoal e social) vs. opressão/totalitarismo ( evidenciando o Sistema, o Poder, os determinismos que sempre estão presentes numa sociedade organizada). É claro que tudo isto é muito interessante e pode dar 'pano para mangas' numa reflexão mais cuidadosa - o objectivo "cinematográfico" em 'The Island' nunca poderia ser esse. Mas tão pouco Michael Bay explora as potencialidades que a história que conta possui. A abordagem é artificial e superficial demais para além de, mais uma vez, não ser novidade.

Na segunda parte do filme, tudo vem por ali abaixo num desnorte de cenas previsíveis que só contribuiram para que chegasse ao final com uma desagradável dor de cabeça.

Não se recomenda!

http://www.theisland-themovie.com/









Sunday, August 14, 2005

Charlie and the chocolate factory [2005] - A fábrica de chocolates de Tim Burton







 "Charlie and the chocolate factory" é o último filme de fantasia realizado por Tim Burton, autor de filmes como  "Beetlejuice" (1988), "Batman" (1989) e "Batman Returns" (1992), "Edward Scissorhands" (1990), "Ed Wood" (1994), "Sleepy Hollow" (1999) e "Big Fish" (2003).

Depois de um não tão bem recebido "Planet of the Apes"(2001), Tim Burton só podia realizar uma fita que confirmasse o bom momento que atravessa desde o brilhante "Big Fish"(2003). 

Na adaptação para o écran do conto de Roald Dahl, o 'soturno' de Burton ficou mais ameno embora ainda presente nesta aventura de Charlie (interpretado pelo promissor Freddie Highmore) na fábrica de chocolates de Willy Wonka (Johnny Depp).
 
Burton consegue pegar na obra de Roald Dahl e dar-lhe um cunho muito pessoal, quer ao nível estético dos cenários e guarda-roupa, quer ao nível da caracterização das personagens e de adaptação do argumento. A história de Charlie Bucket tem traços de semelhança com o universo de Charles Dickens. Burton retira-lhe a simplicidade e a evidência que o conto para crianças apresenta reforçando a 'moral dos valores' astutamente « insuflada » nas personagens das 5 crianças que são admitidas a entrar na fábrica de chocolates e nos 5 pais que as acompanham durante a visita guiada por Willy Wonka.

Johnny Depp dá corpo a um personagem que se insere de forma perfeita no universo cinematográfico de Tim Burton - a mistura de componentes do imaginário infantil com elementos soturnos e assustadores. Desta mescla de elementos estéticos surge um 'terceiro género' que teletransporta os espectadores para um outro plano, em que tudo parece ter um significado muito próprio e em que tudo parece ser possível.

Resta-nos agora esperar pela sequela, "Charlie and the Great Glass Elevator".


http://chocolatefactorymovie.warnerbros.com/
http://www.timburtoncollective.com/
http://www.johnnydeppweb.com/


Bom filme!