Friday, January 06, 2017




Michael Sheen in Passengers

Passengers (2016) - Entreter e pouco mais

Pela mão do norueguês Morten Tyldum, realizador do recente 'Jogo da Imitação' (2014), chega-nos este bonito retrato de sci-fi, com efeitos visuais apetitosos e premissas de argumento auspiciosas.

Porém, a meio caminho se percebe que o potencial de ideias do filme não vai ser alcançado, acabando por se "afunilar" numa banal história de ação/romance. Pouco mais fica na retina do que as cenas em que intervém o personagem robótico Arthur, o belo "décor" interior da nave Avalon, as referidas premissas de "ficção científica" (na ideia central da hibernação de futuros colonos de um planeta distante e no inoportuno"acordar" de um deles noventa anos antes da data de chegada) e algumas cenas de ação.

Jennifer Lawrence (Aurora) melhor do que Chris Pratt (Jim), embora sem ser nada de muito empolgante.

  

Tuesday, December 27, 2016

Rogue One: Uma História de Star Wars Poster

Rogue One (2016) - A confirmação do adeus a "Star Wars"

Cresci a ver a "Guerra das Estrelas", desde o primeiríssimo original de 1977, até ao Regresso de Jedi (1983), passando pelo icónico Império Contra-Atraca (1980). Era um entretenimento novo, divertido, com ação de ponta, personagens a sério, enredo q.b., e as doses certas de drama e controvérsia corporizadas na revelação "I am your father" de Darth Vader em Império Contra-Ataca. O imaginário das crianças, adolescentes e adultos preenchia-se com uma galáxia de sci-fi/fantasia nunca antes vista.

Passadas várias décadas, e na sequência das prequelas que foram destruindo as notas de profundidade e originalidade da galáxia pensada por George Lucas na década de 70, torna-se penoso (principalmente para um fã dos "originais") assistir a este "episódio de preparação" da Guerra das Estrelas de 1977, patrocinado e formatado pela proprietária Disney, com o "visto" do (agora) "gestor/acionista" Lucas: personagens despidas de conteúdo, previsíveis e "recicladas" de outras pensadas naqueles primeiros filmes (sem prejuízo dos bons atores que as interpretam), uma história de "verbo de encher" que se adivinha a cada passo que a narrativa toma, cenas de ação desprovidas de intensidade e com efeitos de "pirotecnia" mais do que vistos e de duvidosa qualidade (por vezes, pisquei os olhos para ver se aquelas naves todas não eram feitas de 'legos'...). Safam-se o Robot e a sombra do mítico vilão Darth Vader na tela. O resto é um exercício de trasladação do corpo de "Guerra das Estrelas" para os efeitos especiais CGI e os desenhos animados exclusivamente infanto-juvenis, como é, aliás, comprovado pelo "boneco virtual" da Princesa Leia que pontua a cena final.

Depois do adeus ao que "Star Wars" significa, resta esperar pelos novos filmes da sequela (episódios VIII e IX), com a "new hope" de que, ao menos, sejam bons filmes de entretenimento.
 
 



Wednesday, November 30, 2016





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Elle (2016) - A brilhante Isabelle Huppert 


Provocador, mordaz e irónico. É assim o novo filme de Paul Verhoeven, o septuagenário realizador holandês, autor de controversos / emblemáticos filmes como "Robocop" (1987), "Total Recall" (1990), "Basic Instinct" (1992), "Showgirls" (1995), "Starship Troopers" (1997), "Hollow Man" (2000) e "Black Book" (2006).

Ao realizador juntou-se neste filme, de produção alemã e francesa, a atriz Isabelle Huppert no papel da empresária Michèle, num dos seus melhores desempenhos em cinema. Já lhe conhecíamos o talento ímpar do vasto elenco de filmes em que participou (bem como de peças de teatro). Lembremos, por exemplo, a interpretação em "A Pianista" (2001). Em abono da verdade, deve-se muito - ou quase, na íntegra - à atriz a 'qualidade' que se reconhece ao novo filme de Verhoeven.

Em "Elle", a declarada misoginia que perpassa o enredo suporta a afirmação de uma indestrutível força feminina corporizada na personagem de Michèle. Ela supera e vinga a agressão bárbara que sofre na sua intimidade, sela com superioridade moral a relação traumática com o seu Pai, desafia com frieza e humor as adversidades físicas e psicológicas na sua esfera profissional, e ultrapassa, com indiferença, as dificuldades das relações sociais que estabelece.

Neste quadro de relações humanas, Verhoeven deixa traços de sátira ao tema da igualdade de géneros (retratado também, p.ex., em "Instinto Fatal"), como se esta apenas fosse alcançada por "equilíbrio de extremos". As atitudes psicóticas de Michèle em relação aos homens que a rodeiam serão, assim, atos de equílibrio nas relações de poder entre os sexos. Nunca sem perder, porém, um particular sentido de humor (negro) e um perverso encanto da personagem que suavizam, aqui e ali, a crueza e violência reveladas.

Não sendo fácil de digerir, "Elle" marca o cinema de 2016 pela sua controvérsia e capacidade de provocar, chocar e fazer rir, tudo ao mesmo tempo.

Saldo positivo, em particular pela performance de Isabelle Huppert.

Trailer:   
http://www.imdb.com/video/imdb/vi3770398233?playlistId=tt3716530&ref_=tt_ov_vi

 


Tuesday, November 22, 2016


The Neon Demon - O Demónio de Néon Poster

The Neon Demon (2016) - A prevalência da forma sobre a substância


A "imagem de marca" dos filmes de Nicolas Winding Refn encontra-se presente na sua nova obra: o foco intenso na composição estética e musical, assim como na componente de violência gore. No entanto, e ao contrário do que acontece em "Drive" (2011), a "história" que se pretende contar (se é que se pretende contar alguma coisa...) é demasiado curta e pobre, o que é bem patente nos "bocejantes" diálogos que a sustentam.
      
Assim, para além da evolução de "caracterização" (essencialmente estética) da personagem Jesse (Elle Fanning), pouco mais se aproveita neste demorado videoclip... É verdade, a banda sonora tem "pinta", mas parece-nos desfasada e demasiado "suave" para o filme que pretende ilustrar...especialmente se o virmos num confortável sofá bem apetrechado de almofadas, o sono é uma probabilidade forte.

Não que alguns momentos (como a "golden paint shoot") não sejam visualmente primorosos e, até, originais. O problema é que o filme reduz-se, na essência, a isso. Aliás, o trailer, ao som do hipnotizante "techno" de Julian Winding (Demon Dance), parece ser (e é) melhor do que o próprio filme porque, em versão curta e estimulante, é suficiente para revelar o tema subjacente da crueldade do 'mundo da moda'...

Enfim, recomenda-se apenas para quem queira ver um exercício puramente estético.


http://www.imdb.com/video/imdb/vi1874048025?playlistId=tt1974419&ref_=tt_ov_vi



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Whiplash (2014) - Desafiar os limites para a perfeição


O jovem realizador Damien Chazelle, autor de "10 Cloverfield Lane" (2016), assina esta sua primeira longa-metragem, de grande porte dramático, com brilhantes interpretações de J.K. Simmons (Professor Fletcher) e de Miles Teller (Andrew).

A concretização do imenso potencial reconhecido ao ambicioso e sonhador jovem baterista Andrew constitui a justificação para o início, no Conservatório, de um processo "pouco ortodoxo" de aprendizagem conduzido pelo Professor Fletcher. Levado por este aos seus limites físico e psicológico, Andrew ultrapassa as expectativas do seu mestre quando, motivado pela raiva e iminência do fracasso, realiza todo o seu potencial com um solo de bateria ímpar a pautar o desfecho do filme.

Parece-nos um dos melhores filmes dos últimos anos, pela qualidade superior do argumento, assim como pelo magnífico "ambiente musical" retratado e desempenho dos atores.

J.K. Simmons venceu - diríamos, merecidamente - o Óscar de melhor ator secundário (2015).

Recomenda-se.









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Under the Skin (2013) - Ficção científica ao "estilo" de Kubrick


Jonathan Glazer, argumentista e realizador de filmes como Sexy Beast (2000) e Birth (2004), entra no campo da ficção científica com muitas referências ao universo visual e simbólico de Kubrick (diríamos, 2001: Space Odissey).

É marcante o desempenho de Scarlett Johansson na pele de um ser misterioso - alienígena (?) -  que inicia um processo de humanização gradual através de um "particular" ritual de sedução que, por razões desconhecidas, estabelece com vários homens.

Envolvência estética e sonora muito interessante, sendo o argumento codificado o traço mais discutível de um filme que, por vezes, parece demasiado auto-contemplativo.

Saldo positivo!

http://www.imdb.com/video/imdb/vi2666834713?playlistId=tt1441395&ref_=tt_ov_vi
 
 




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Drive (2011) - "A real hero"

O argumentista, produtor e realizador dinamarquês Nicolas Winding Refn assina um filme neo noir  com um soberbo aprumo estético, enredo simples e cativante, violência quanto baste, e uma magnífica banda sonora pontuada por Cliff Martinez, College e Desire.

O 'Driver' (Ryan Gosling) é uma entidade desumanizada, misteriosa e solitária. O enorme talento para conduzir vale-lhe a "profissão" de stunt driver e a ocupação de condutor de fugas de assaltos.
Em Irene (Carey Mulligan) e Benicio (Kaden Leos) encontra a razão de existir e o caminho para se tornar um ser humano real e o verdadeiro herói de cinema.

Muito provavelmente, um futuro 'clássico' do cinema.

Recomenda-se!

Trailer:
http://www.imdb.com/video/imdb/vi2772212761?playlistId=tt0780504&ref_=tt_ov_vi

   

Sunday, February 13, 2011

Black Swan (2010) - O cisne perfeito


Natalie Portman (no papel de Nina) realiza uma interpretação fulgurante no recente filme de Darren Aronovsky, realizador americano que já nos presenteou com importantes filmes como Pi (1998), Requiem for a Dream (2000), The Fountain (2006) e The Wrestler (2008).

Ao som do conhecido "Lago dos Cisnes" de Tchaikovsky, a personagem de Nina invade-se pela busca obsessiva da perfeição. A sua ansiedade de aceitação a partir dos outros arde num rastilho que se mostra curto. Nina não sabe verdadeiramente quem é, mas apenas o que as pessoas vêem de si no palco, nos ensaios, nas mudanças de camarins, nos cortejos e elogios do seu Professor, ou na intimidade asfixiante com a sua Mãe. Neste contexto, e em conflito com a sua natureza humana, finita e limitada nas suas virtudes, Nina começa a descobrir o cisne negro que vive em si.

Na verdade, o cisne branco que sempre interpretou, gracioso e puro, não vive sozinho no mundo. Ao seu lado, o cisne negro baila com desejo, sedução, sede de aventura, prazer pelo desconhecido e pelo moralmente questionado ou incorreto - o necessário "complemento" para a inalcançável perfeição da acção quando ambos os cisnes encarnam, finalmente, na mesma personagem...

Um filme supreendente, com Natalie Portman no seu melhor, vencedora do Óscar de melhor actriz.
A ver!

Sunday, June 13, 2010



El Segredo de sus Ojos (2009) - História de uma vida...cheia de nada?


Benjamin Esposito (Ricardo Darín) não consegue resolver o caso de homicídio que mais o marca na sua vida profissional. Nem consegue expressar o que sente por quem mais ama. Por detrás do silêncio reside a angústia. Na luz do olhar mudo respira o segredo de quem anseia por uma vida...mais cheia.

Baseado na obra literária de Eduardo Sacheri "La pregunta de tus ojos", este filme marca o cinema de 2010 pelo brilhantismo do argumento adaptado e desempenho dos actores. Na mistura de géneros - policial, thriller, drama, comédia - ganha o virtuosismo peculiar que o distingue. Vencedor de um Goya 2009 para melhor filme do ano e do Óscar 2009 para melhor filme estrangeiro.

Recomenda-se!

Trailer:  http://www.youtube.com/watch?v=GcHkTSqeGoU
Site oficial: www.elsecretodesusojos.com





  

Wednesday, May 12, 2010


District 9 (2009): Um "documentário" de ficção científica

District 9 não é real como parece. Nem tão ficcional como pretende. Na confusão de géneros, o mistério subsiste...permanece entranhado na pele quando surgem os créditos finais. Será que algures no nosso mundo existe uma realidade assim?

No District 9 a vida é tão miserável como num qualquer subúrbio decadente dos dias de hoje. A esperança respira-se em instantes fugazes, constrói-se diariamente na obscuridade. No District 9 a Humanidade nega-se a cada passo, volta as costas à sua essência afectiva, veste a pele da barbaridade, sem vergonha.

Um "documentário" de ficção científica politicamente incorrecta é o que encontramos em District 9, com um excelente desempenho de Sharlto Copley, no papel principal.


Recomenda-se!