Wednesday, November 30, 2016





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Elle (2016) - A brilhante Isabelle Huppert 


Provocador, mordaz e irónico. É assim o novo filme de Paul Verhoeven, o septuagenário realizador holandês, autor de controversos / emblemáticos filmes como "Robocop" (1987), "Total Recall" (1990), "Basic Instinct" (1992), "Showgirls" (1995), "Starship Troopers" (1997), "Hollow Man" (2000) e "Black Book" (2006).

Ao realizador juntou-se neste filme, de produção alemã e francesa, a atriz Isabelle Huppert no papel da empresária Michèle, num dos seus melhores desempenhos em cinema. Já lhe conhecíamos o talento ímpar do vasto elenco de filmes em que participou (bem como de peças de teatro). Lembremos, por exemplo, a interpretação em "A Pianista" (2001). Em abono da verdade, deve-se muito - ou quase, na íntegra - à atriz a 'qualidade' que se reconhece ao novo filme de Verhoeven.

Em "Elle", a declarada misoginia que perpassa o enredo suporta a afirmação de uma indestrutível força feminina corporizada na personagem de Michèle. Ela supera e vinga a agressão bárbara que sofre na sua intimidade, sela com superioridade moral a relação traumática com o seu Pai, desafia com frieza e humor as adversidades físicas e psicológicas na sua esfera profissional, e ultrapassa, com indiferença, as dificuldades das relações sociais que estabelece.

Neste quadro de relações humanas, Verhoeven deixa traços de sátira ao tema da igualdade de géneros (retratado também, p.ex., em "Instinto Fatal"), como se esta apenas fosse alcançada por "equilíbrio de extremos". As atitudes psicóticas de Michèle em relação aos homens que a rodeiam serão, assim, atos de equílibrio nas relações de poder entre os sexos. Nunca sem perder, porém, um particular sentido de humor (negro) e um perverso encanto da personagem que suavizam, aqui e ali, a crueza e violência reveladas.

Não sendo fácil de digerir, "Elle" marca o cinema de 2016 pela sua controvérsia e capacidade de provocar, chocar e fazer rir, tudo ao mesmo tempo.

Saldo positivo, em particular pela performance de Isabelle Huppert.

Trailer:   
http://www.imdb.com/video/imdb/vi3770398233?playlistId=tt3716530&ref_=tt_ov_vi

 


Tuesday, November 22, 2016


The Neon Demon - O Demónio de Néon Poster

The Neon Demon (2016) - A prevalência da forma sobre a substância


A "imagem de marca" dos filmes de Nicolas Winding Refn encontra-se presente na sua nova obra: o foco intenso na composição estética e musical, assim como na componente de violência gore. No entanto, e ao contrário do que acontece em "Drive" (2011), a "história" que se pretende contar (se é que se pretende contar alguma coisa...) é demasiado curta e pobre, o que é bem patente nos "bocejantes" diálogos que a sustentam.
      
Assim, para além da evolução de "caracterização" (essencialmente estética) da personagem Jesse (Elle Fanning), pouco mais se aproveita neste demorado videoclip... É verdade, a banda sonora tem "pinta", mas parece-nos desfasada e demasiado "suave" para o filme que pretende ilustrar...especialmente se o virmos num confortável sofá bem apetrechado de almofadas, o sono é uma probabilidade forte.

Não que alguns momentos (como a "golden paint shoot") não sejam visualmente primorosos e, até, originais. O problema é que o filme reduz-se, na essência, a isso. Aliás, o trailer, ao som do hipnotizante "techno" de Julian Winding (Demon Dance), parece ser (e é) melhor do que o próprio filme porque, em versão curta e estimulante, é suficiente para revelar o tema subjacente da crueldade do 'mundo da moda'...

Enfim, recomenda-se apenas para quem queira ver um exercício puramente estético.


http://www.imdb.com/video/imdb/vi1874048025?playlistId=tt1974419&ref_=tt_ov_vi



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Whiplash (2014) - Desafiar os limites para a perfeição


O jovem realizador Damien Chazelle, autor de "10 Cloverfield Lane" (2016), assina esta sua primeira longa-metragem, de grande porte dramático, com brilhantes interpretações de J.K. Simmons (Professor Fletcher) e de Miles Teller (Andrew).

A concretização do imenso potencial reconhecido ao ambicioso e sonhador jovem baterista Andrew constitui a justificação para o início, no Conservatório, de um processo "pouco ortodoxo" de aprendizagem conduzido pelo Professor Fletcher. Levado por este aos seus limites físico e psicológico, Andrew ultrapassa as expectativas do seu mestre quando, motivado pela raiva e iminência do fracasso, realiza todo o seu potencial com um solo de bateria ímpar a pautar o desfecho do filme.

Parece-nos um dos melhores filmes dos últimos anos, pela qualidade superior do argumento, assim como pelo magnífico "ambiente musical" retratado e desempenho dos atores.

J.K. Simmons venceu - diríamos, merecidamente - o Óscar de melhor ator secundário (2015).

Recomenda-se.









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Under the Skin (2013) - Ficção científica ao "estilo" de Kubrick


Jonathan Glazer, argumentista e realizador de filmes como Sexy Beast (2000) e Birth (2004), entra no campo da ficção científica com muitas referências ao universo visual e simbólico de Kubrick (diríamos, 2001: Space Odissey).

É marcante o desempenho de Scarlett Johansson na pele de um ser misterioso - alienígena (?) -  que inicia um processo de humanização gradual através de um "particular" ritual de sedução que, por razões desconhecidas, estabelece com vários homens.

Envolvência estética e sonora muito interessante, sendo o argumento codificado o traço mais discutível de um filme que, por vezes, parece demasiado auto-contemplativo.

Saldo positivo!

http://www.imdb.com/video/imdb/vi2666834713?playlistId=tt1441395&ref_=tt_ov_vi
 
 




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Drive (2011) - "A real hero"

O argumentista, produtor e realizador dinamarquês Nicolas Winding Refn assina um filme neo noir  com um soberbo aprumo estético, enredo simples e cativante, violência quanto baste, e uma magnífica banda sonora pontuada por Cliff Martinez, College e Desire.

O 'Driver' (Ryan Gosling) é uma entidade desumanizada, misteriosa e solitária. O enorme talento para conduzir vale-lhe a "profissão" de stunt driver e a ocupação de condutor de fugas de assaltos.
Em Irene (Carey Mulligan) e Benicio (Kaden Leos) encontra a razão de existir e o caminho para se tornar um ser humano real e o verdadeiro herói de cinema.

Muito provavelmente, um futuro 'clássico' do cinema.

Recomenda-se!

Trailer:
http://www.imdb.com/video/imdb/vi2772212761?playlistId=tt0780504&ref_=tt_ov_vi