
The Shining [1980] - Um épico do terror
No fim de semana passado decidi revisitar um filme que considero ser uma autêntica «jóia» do género 'terror'.
Não será o género que mais me interessa; no entanto, quando vi o 'The Shining' pela primeira vez fiquei rendido à evidência de que pode ser um género fascinante.
Neste filme, esta possibilidade decorre do génio de quem dirige e compõe a obra (Stanley Kubrick). Aquele que coordena a sequência das imagens, o enquadramento das personagens nos planos, a incidência dos sons na narrativa e a gestão do silêncio em momentos cruciais. Por vezes, uma qualquer acção aparentemente ordinária torna-se numa cena arrepiante: a voz "bizarra" do amigo imaginário de Danny (Tony), a inesperada história que assombra o Hotel e os cenários tétricos do quarto proibido (room 237...) são alguns dos elementos de desconforto que, lentamente, ao longo do filme, contribuem habilmente para um ritmo em 'crescendo' de tensão que, no final, culmina com a inesquecível perseguição no "labirinto gelado".
Kubrick consegue, logo na sequência lindíssima de planos inicais, prender o espectador à cadeira. A música provoca uma desfasamento imediato de sentido e intenção com a imagem que vemos - repare-se que a melodia e os sons que a acompanham não figuram uma cadência regular ou contínua... há sempre uma nota, um som, um acorde que destoa, ou que não se adivinha. Ao mesmo tempo que se cria uma conjugação "som-imagem" de"intriga" e suspense, a nossa atenção é, num primeiro momento, centrada no veículo onde Jack Torrance (interpretado por Jack Nicholson) segue e, posteriormente, num segundo momento, no Edifício do Overlook Hotel. Estão identificados dois dos personagens principais: O vilão Jack e o Hotel, ou... melhor, a 'vida' que neste 'brilha' . Isto é, para aqueles que a conseguem ver...
Visualmente inesquecível, é um filme exemplar no que respeita ao trabalho de "adaptação" ao cinema da obra literária de Stephen King. Dentro do género, não haverá, com certeza, muito melhor.
A ver!